Thursday, July 28, 2005

And now for something completely different!!!

É exactamente assim que me sinto... como se o tempo que vem aí prometesse algo completamente diferente. É oficial! Estou de férias!
A tendência é e será sempre olhar para a vida e analisá-la em blocos... e para aqueles que formam as categorias por ano lectivo, que é quase o meu caso, o início das férias traz sempre consigo um misto de sensação de liberdade- como se pairassemos em câmara lenta pelas coisas, com um sorriso pateta na cara- e de melancolia.
Sim... porque antes de arrumar os livros com um olhar de "Até nunca mais!" e de desprogramar o despertador para o nascer do sol... antes de tirar do armário a roupa que mostre mais centímetros quadrados de pele... e antes de poder olhar para um calendário e "ver só números"(citação do Vasco, frequentador assíduo deste blog!), sem datas de trabalhos, exames, compromissos, etc... antes de tudo isso vem o tempo das despedidas!
Tempo de me despedir daqueles com quem dividi as horas de tantos dias e de tantas noites, as horas alegres e as mais difíceis, as horas de parvoeira e as horas monótonas. Hoje, ao pensar no tempo que vai passar sem a sua presença, penso que é realmente uma benção poder sentir isto que sinto hoje...
Nem tudo foi fácil, nem tudo foi como desejaria... mas a verdade é que sinto que vivi com intensidade cada dia... e aprendi que não importa a dor do caminho que escolhemos se o fizermos por amor- amor por aqueles que a cada dia, independentemente de tudo, me ensinaram que a lealdade, a verdade e o perdão são coisas que jamais poderemos esquecer.
Num ano com tantos dias é natural que a dado momentos falhemos e que outros falhem connosco... mas isso nunca será diferente... o único que podemos mudar é a atitude que escolhemos e por isso não quero que o tempo que vem por aí seja algo completamente diferente... porque continuo a desejar que o tempo de descanço venha mas não se perca a vontade de acordar para mais um dia luminoso!!! Boas férias amiguinhos*

"I can see clearly now the rain is gonne, I can see all obstacles in my way. Gone are the clouds that made me blind... it's gonna be a bright, bright, bright sunshiny day!"

Tuesday, July 26, 2005

In the days still left...

O dia de um cinzento mais triste que a chuva e contudo uma promessa para iluminar o caminho...

Fields Of Gold

"You'll remember me when the west wind moves
Among the fields of barley
You can tell the sun in his jealous sky
When we walk in fields of gold
So she took her love
For to gaze awhile
Among the fields of barley
In his arms she fell as her hair came down
Among the fields of gold
Will you stay with me
Will you be my love
Among the fields of barley
And you can tell the sun in his jealous sky
When we walked in fields of gold

I never made promises lightly
And there have been some that I have broken
But I swear in the days still left
We will walk in fields of gold
We will walk in fields of gold

Many years have passed since those summer days
Among the fields of barley
See the children run as the sun goes down
As you lie in fields of gold
You'll remember me when the west wind moves
Among the fields of barley
You can tell the sun in his jealous sky
When we walked in fields of gold
When we walked in fields of gold
When we walked in fields of gold"

Thursday, July 07, 2005

Longe do mundo...

Há sempre algo de extraordinário que acontece quando o nosso quotidiano é invadido por pequenas criaturas que conseguem fazer-nos acreditar que nenhuma obrigação de 'gente crescida' é mais importante que ler três vezes seguidas um livro de nome "Five little monkeys jumping on the bed" ou ainda a colecção improvável dos livros do Dr. Seuss que põe à prova até a mais afinada dicção inglesa!!! Quando duas pequenas mãos nos puxam para as construções de legos ou ainda para os livros de colorir do Scooby Doo ou quando simplesmente pedem colo, tudo o resto fica pequeno e damos por nós a correr casa fora a imitar vozes misteriosas...
faz-me lembrar aquilo que o Saint-Exupéry dizia no prefácio do 'Principezinho' acerca da essência do ser-se criança. E bastaram alguns dias na companhia de um pequeno príncipe e de uma pequena princesa para sentir que não haveria qualquer desenho de uma boa com um elefante lá dentro que eu não conseguisse imediatamente identificar!!!
E à noitinha ao ver a paz do seu sono recordei uma música que a Sara Tavares cantava para a versão portuguesa do "Corcunda de Notre Dame" e lembrei as noites da minha infância em que pedia a Deus que sempre pudesse ficar perto de mim...

"Eu não sei se vais ouvir-me
Se estás aí ou não
Eu não sei se compreendes
Esta minha oração

Se eu p'ra ti sou uma estranha
Que o coração perdeu
É ao ver-te que eu pergunto
Se já foste como eu

Longe do mundo, perto de ti
Peço conforto de quem eu fugi
Perdida, esquecida, eu oro a ti
Longe do mundo... mas perto de ti!"
(...)

Friday, July 01, 2005

"Viajar... perder países"

"Fue como si llegara al más hermoso puerto del mediodía. Se anegaban en ti los más lucidos paisajes: claros, agudos montes coronados de nieve rosa, fuentes escondidas en el rizado humbroso de los bosques." Rafael Alberti

Agora ao ouvir o Vicente Amigo a dedilhar sons neste "poeta en el puerto", vêm-me à memória os montes a erguer-se no mar, as enseadas na costa da Corunha e o som doce que me acordava de manhã. Lembro uma torre a rasgar o céu num anoitecer tardio e uma praça que evocava uma espécie de alegria infantil a percorrer despreocupadamente um quadrado enorme de espaço livre, amplo mas aconchegante. Lembro as madeiras intimistas dos cafés e a tranquilidade de uma cidade que vive a um ritmo diferente. Lembro histórias sobre regatas e outras viagens como esta.
E hoje que a visão que se estende da minha janela é outra tão diferente, sinto que é mesmo bom estar em casa... mas algo em mim deseja ardentemente voltar a um sítio onde os montes nascem do mar e onde tanta coisa ficou por conhecer... e tudo em mim vive com o desejo de desembrulhar tantos outros lugares com outras cores e outros cheiros...

"Sometimes there's so much beauty in the world I fell like I can't take it, like my heart's going to cave in." in American Beauty

Lembrar Eugénio - breves actos (2)

Quase nada ______________________________

O amor
é uma ave a tremer
nas mãos de uma criança.
Serve-se de palavras
por ignorar
que as manhãs mais limpas
não têm voz.

Eugénio de Andrade