Wednesday, September 28, 2005

Cristalização IV

"O que importa é partir, não é chegar." Miguel Torga [O que acontece quando não conseguimos fazer nem uma coisa nem outra?

[questions of mind over matter]

Há estados de espírito difíceis de definir... nomeadamente aqueles que não podemos conter em adjectivos ou figuras de estílo.
Por exemplo, há dias em que a melhor descrição daquilo que nos vai por dentro se resume a uma breve imagem que, de fora para dentro, dá todo um sentido ao que de outra forma não conseguiríamos expressar...
Há momentos em que me sinto como uma criança exausta a lutar contra o sono porque não consegue encontrar posição no colo da mãe; noutros, como se a minha mente funcionasse como uma bicicleta cuja corrente saltou das rodas; mas hoje, sobretudo neste preciso momento, a imagem que me vem à mente, é a de uma tempestade no cais.

Friday, September 23, 2005

By morning you'll be gone-III

"Estranhas são as mortes das pessoas invisíveis, que não deixam nem dor nem saudade nos outros, das pessoas que deixam de existir como se nunca tivessem sido alguém ou estado em sítio algum, que morrem apenas para confirmar uma morte que há muito tinha ocorrido na sociedade. Como o António (ou seria o Joaquim?), um morto que ocupa o lugar central do teatro anatómico. De tempos a tempos sobe da sua estranha sepultura de formol e é a atracção principal dos estudadntes de Medicina. Nos intervalos, vai para o corredor, atrás da porta. Tem uns enormes pés calejados, tal como as mãos, aliás, nem morto esconde a sua condição de indigente, desses que morrem clinicamente muito tempo depois de já estarem mortos, seja no interior de si mesmos, seja na recordação de qualquer mãe que os tenha parido.
A morte é isso mesmo, tem o significado da vida que a antecede.
O escritor José CArdoso Pires chamou «morte branca» à vida sem memória após um acidente vascular cerebral. E os que se apagaram na memória dele, será que sobreviveram? Em quantas ou quais memórias temos de estar presentes para existirmos? E quando falamos da morte, será que falamos só da morte dos que morrem ou, igualmente, da morte de um pouco da nossa própria vida que eles sepultam consigo? A memória de nós e a memória dos outros sobre nós próprios define-nos, afinal, como vivos ou mortos. A morte é o apagar da memória." Constança Paúl, Sobre a Morte e o Morrer in "Psicossociologia da Saúde"

Roubamos uma grande parte da vida dos outros na nossa desmemória.

Friday, September 16, 2005

By morning you'll be gone-II

Change your heart, look around you
Change your heart, it will astound you
I need your loving like the sunshine
And everybody's gotta learn sometime
Everybody's gotta learn sometime
Everybody's gotta learn sometime

Monday, September 12, 2005

By morning you'll be gone













"How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd."
Alexander Pope