Interlúdio
"Quando veio, mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais...
E pediu-me que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo: "Não partas nunca mais!"
E dançou, rodou no chão molhado,
Num beijo apertado, de barco contra o cais...
E uma asa voa a cada beijo teu
Esta noite sou dona do céu
E eu não sei quem te perdeu...
Abraçou-me... como se abraça o tempo,
A vida num momento,
Em gestos nunca iguais...
E parou, rodou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito, roubado nos umbrais.
E partiu, sem me dizer o nome
Levando-me o perfume de tantas noites mais...
E uma asa voa a cada beijo teu
Esta noite sou dona do céu
E eu não sei quem te perdeu...
E eu não sei quem te perdeu..." *
*Pedro Abrunhosa
0 Comments:
Post a Comment
<< Home