'bout Sandy
Foi no ano em que vim viver para o Porto.
Nesse Inverno choveu imenso... praticamente todos os dias.
Lembro-me que era sábado... tinha acabado de acordar e estava na cozinha a preparar o pequeno almoço. Mais uma vez chovia e perguntei-me onde teria ido a minha colega de casa tão cedo, numa manhã tão cinzenta. De repente percebi que tinha chegado... estava parada à porta da cozinha com algo nos braços.
Não resisti... sabia que era impossível... que os meus pais nunca o permitiriam... que a encarregada da casa teria três ou quatro síncopes... que era um grande encargo e uma grande responsabilidade. Mas quando a Sarah me mostrou uma pequena cadelinha que tinha encontrado abandonada não ofereci qualquer resistência a deixar-me possuir por um imenso carinho por aquele animal tão pequenino e desprotegido.
Era rafeirinha, mas parecia um Labrador em ponto pequeno. Enfim... de uma fofura irresistível. E como tinha cor de areia decidimos dar-lhe um nome que a Sarah pudesse pronunciar... Sandy.
As complicações não se fizeram tardar... demoraria três parágrafos à Saramago para descrever todas as peripécias que passámos com a Sandy... mas por alguns meses viveu conosco, cresceu e aprendeu ordens em duas línguas. Julgo que foi um cachorrinho feliz.
Depois a Sarah voltou para os EUA e não pôde levá-la... e tornou-se impossível para mim tomar conta dela sozinha. A solução foi levá-la para casa dos meus pais onde passou a viver com mais liberdade. Descobriu que existem animais estranhos como gatos, ratos, galinhas, lagartixas, etc. Descobriu que os donos lhe ficariam gratos se ladrasse se algo de estranho se passasse. E julgo que foi esquecendo aos poucos a infância passada num apartamento e a bola verde com que brincava e o tapete castanho que roía e o sabor das pipocas de que tanto gostava.
E ontem a Sandy morreu... o veterinário não pode fazer nada para além de lhe aliviar o sofrimento.
Há algum tempo que não vou a casa... mas quando voltar sei que não vou receber o olá habitual vindo das traseiras.
"...quando nos deixamos prender arriscamo-nos a chorar de vez em quando... " Saint-Exupéry
Nesse Inverno choveu imenso... praticamente todos os dias.
Lembro-me que era sábado... tinha acabado de acordar e estava na cozinha a preparar o pequeno almoço. Mais uma vez chovia e perguntei-me onde teria ido a minha colega de casa tão cedo, numa manhã tão cinzenta. De repente percebi que tinha chegado... estava parada à porta da cozinha com algo nos braços.
Não resisti... sabia que era impossível... que os meus pais nunca o permitiriam... que a encarregada da casa teria três ou quatro síncopes... que era um grande encargo e uma grande responsabilidade. Mas quando a Sarah me mostrou uma pequena cadelinha que tinha encontrado abandonada não ofereci qualquer resistência a deixar-me possuir por um imenso carinho por aquele animal tão pequenino e desprotegido.
Era rafeirinha, mas parecia um Labrador em ponto pequeno. Enfim... de uma fofura irresistível. E como tinha cor de areia decidimos dar-lhe um nome que a Sarah pudesse pronunciar... Sandy.
As complicações não se fizeram tardar... demoraria três parágrafos à Saramago para descrever todas as peripécias que passámos com a Sandy... mas por alguns meses viveu conosco, cresceu e aprendeu ordens em duas línguas. Julgo que foi um cachorrinho feliz.
Depois a Sarah voltou para os EUA e não pôde levá-la... e tornou-se impossível para mim tomar conta dela sozinha. A solução foi levá-la para casa dos meus pais onde passou a viver com mais liberdade. Descobriu que existem animais estranhos como gatos, ratos, galinhas, lagartixas, etc. Descobriu que os donos lhe ficariam gratos se ladrasse se algo de estranho se passasse. E julgo que foi esquecendo aos poucos a infância passada num apartamento e a bola verde com que brincava e o tapete castanho que roía e o sabor das pipocas de que tanto gostava.
E ontem a Sandy morreu... o veterinário não pode fazer nada para além de lhe aliviar o sofrimento.
Há algum tempo que não vou a casa... mas quando voltar sei que não vou receber o olá habitual vindo das traseiras.
"...quando nos deixamos prender arriscamo-nos a chorar de vez em quando... " Saint-Exupéry
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